Decisão pactuada com representantes de empresas e trabalhadores passa a vigorar em um ano
Em uma decisão histórica para a saúde ocupacional, o governo Lula, em conjunto com representantes de empresas e trabalhadores, acordou incluir a saúde mental dos funcionários nos critérios de gerenciamento de riscos ocupacionais de empresas.
A medida, tomada durante uma reunião da Comissão Tripartite Paritária Permanente na última terça-feira (30), altera a Norma Regulamentadora Nº 1 (NR-1), que orienta o gerenciamento de riscos nas organizações.
O secretário de Inspeção do Trabalho substituto do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Rogério Araújo, destacou em entrevista à Agência Brasil a importância da atualização, que agora exige das empresas a identificação de parâmetros psicossociais em seus relatórios de gerenciamento de riscos.
As novas diretrizes entrarão em vigor nove meses após a publicação da norma atualizada, com expectativa de implementação completa em aproximadamente um ano. Essa antecipação permitirá que as empresas ajustem seus processos de gestão de riscos adequadamente.
Araújo também comentou sobre a necessidade da revisão da norma, especialmente diante do aumento de afastamentos do trabalho por questões de saúde mental, uma tendência exacerbada pelo período da pandemia de covid-19.
TRABALHO E SAÚDE MENTAL
A relação entre trabalho e saúde mental é complexa e significativa, pois o ambiente de trabalho pode tanto contribuir para problemas de saúde mental quanto ser um espaço de suporte e promoção do bem-estar psicológico. Confira alguns aspectos importantes dessa relação:
ESTRESSE NO TRABALHO: O estresse ocupacional é um dos fatores mais comuns que afetam a saúde mental no trabalho. Pressões de prazos, carga de trabalho excessiva, falta de controle sobre o trabalho e conflitos com colegas ou chefias são exemplos de fatores estressantes que podem levar a problemas como ansiedade e depressão.
AMBIENTE DE TRABALHO: Um ambiente de trabalho tóxico, que inclui assédio moral ou sexual, discriminação e falta de suporte, pode agravar ou provocar transtornos mentais. Por outro lado, um ambiente positivo, com suporte social, reconhecimento e oportunidades de desenvolvimento, pode promover a saúde mental.
EQUILÍBRIO ENTRE TRABALHO E VIDA PESSOAL: Dificuldades em equilibrar as responsabilidades do trabalho com a vida pessoal podem afetar negativamente a saúde mental. Práticas como trabalho flexível e políticas de licença podem ajudar os funcionários a gerenciar melhor suas obrigações pessoais e profissionais.
INSEGURANÇA NO EMPREGO: A preocupação com a perda de emprego pode ser um grande fator de estresse, especialmente em economias instáveis. A segurança no emprego contribui para a estabilidade mental e emocional.
RECONHECIMENTO E AUTONOMIA: Sentir-se valorizado e ter autonomia no trabalho são importantes para a saúde mental. A falta de reconhecimento e a microgestão podem levar a sentimentos de desvalorização e impotência.
IMPACTO DO TELETRABALHO: Com a crescente adoção do trabalho remoto, surgiram novos desafios para a saúde mental, incluindo o isolamento social, a dificuldade em desligar-se do trabalho e a invasão do espaço pessoal pelo profissional.
INTERVENÇÕES POSITIVAS: Programas de assistência aos funcionários, treinamentos sobre saúde mental, políticas anti-assédio e a criação de espaços de trabalho inclusivos e suportivos são exemplos de intervenções que podem melhorar a saúde mental no ambiente de trabalho.
LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS: Leis e políticas que regulamentam as condições de trabalho, garantem direitos e protegem os trabalhadores de abusos também são fundamentais para sustentar um ambiente de trabalho que promova a saúde mental.
Entender a relação entre trabalho e saúde mental é essencial para criar ambientes de trabalho saudáveis e produtivos. Empresas e organizações têm um papel crucial em cuidar da saúde mental de seus funcionários, o que, por sua vez, pode resultar em maior satisfação no trabalho e melhor desempenho organizacional.